Categoria: Entrevistas

Fui o primeiro engenheiro da Riskified em Portugal. Eis o que aprendi

Conhece a história do primeiro engenheiro da Riskified em Portugal e descobre como é trabalhar numa empresa global de tech em Lisboa.

A Riskified, empresa israelita fundada em 2012 e líder mundial em soluções de prevenção de fraude com IA para e-commerce, abriu em Lisboa o seu segundo hub de R&D global. Com mais de 700 colaboradores espalhados por 11 países e clientes de topo como Booking.com, Gucci e Prada, a empresa apostou em Portugal para expandir a sua capacidade de inovação. Nesta entrevista, conhecemos o percurso de Filipe Reynaud, o primeiro engenheiro contratado para o hub de Lisboa e o que significa fazer parte desta expansão numa das mais promissoras empresas tecnológicas do momento em Portugal.

1. Olhando para trás na tua carreira, que tipo de desafios ou oportunidades procuravas que te levaram à Riskified?

O meu primeiro trabalho como Engenheiro de Software foi numa pequena startup de IA, onde fui um dos primeiros a entrar. Foi super desafiante - ritmo muito rápido, agile, um bocado caótico, constantes pivots - mas adorei esse ambiente. Após dois anos, decidi que queria ter a experiência de trabalhar numa grande empresa e, por isso, juntei-me a um dos maiores unicórnios portugueses. Passados alguns meses, percebi que o meu "sweet spot" estava algures no meio: nem uma startup em fase inicial, nem uma grande entreprise. Quando a Riskified me contactou, a pesquisa que fiz confirmou que era exatamente o tipo de empresa que procurava, por isso não pensei duas vezes.

2. Estavas a juntar-te a uma empresa tecnológica global como o seu primeiro colaborador num novo hub de R&D. Qual foi o fator decisivo na tua decisão de dar esse passo?

A minha carreira mostra bem que sou uma pessoa que gosta de novos desafios e de se pôr à prova. Não é todos os dias que temos a oportunidade de ser o primeiro engenheiro num hub de R&D acabado de nascer. Era uma oportunidade única, e eu sabia que a tinha de agarrar.

3. Podes partilhar uma memória dos primeiros dias, sendo a primeira pessoa no terreno antes da equipa crescer à tua volta?

A minha memória favorita é a viagem que fiz a Tel Aviv para conhecer a equipa presencialmente. O que não estava à espera era que toda a gente no escritório já soubesse quem eu era, simplesmente por ter sido a primeira contratação em Portugal. Passei o dia a ouvir o meu nome pelos corredores, pessoas a virem ter comigo só para dizer olá - senti-me quase uma mini celebridade. 😂

4. Para aqueles na comunidade tecnológica que não conhecem a Riskified, como descrevias o problema que a vossa plataforma com IA resolve?

De uma forma bastante geral, a Riskified ajuda grandes e-commerce a travar fraudadores enquanto permite que clientes legítimos concluam as suas compras sem fricção. Desta forma, os nossos "merchants" conseguem ter uma maior taxa de suscesso nas suas operações, sejam elas de disputa de charbacks ou aplicação de poliíticas internas.

5. Fala-nos sobre o teu papel. Qual é o desafio técnico mais entusiasmante ou único em que tiveste oportunidade de trabalhar aqui?

Faço parte de uma equipa de infraestruturas focada em construir ferramentas e sistemas partilhados, dos quais outras equipas de produto dependem. Um bom exemplo é o nosso trabalho no design system da Riskified, que mantemos em conjunto com a equipa de design. Isto dá a todas as equipas de engenharia uma camada de UI consistente e ajuda-nos a lançar funcionalidades mais depressa e com menos inconsistências.

Um dos desafios técnicos mais interessantes recentemente tem sido o trabalho em "full-stack components". Cada componente encapsula a sua própria UI, lógica e modelo de dados. Um ótimo exemplo é o novo Filter Service, que construímos como um módulo reutilizável e transversal a várias aplicações do nosso UI voltado para merchants.

No frontend, disponibilizamos componentes standard como o Filter Card e o Filter Menu, construídos usando React e a nossa biblioteca de componentes de design. Estes componentes podem ser usados em qualquer aplicação, dando às equipas uma experiência de filtros consistente sem precisarem de reinventar nada.

Por baixo, o componente comunica com um serviço backend nosso - uma REST API em Node.js. É responsável por guardar, atualizar e recuperar filtros, colunas ativas e views específicas. Tudo isto armazenado em CockroachDB. Também integramos com produtos analíticos para acompanhar a adoção das funcionalidades.

A parte mais divertida para mim é desenhar estes componentes para que pareçam simples primitivas de UI para outros engenheiros, enquanto escondem muita complexidade: gestão de estado, permissões, validação de partilhas via URL, compatibilidade com ecrãs antigos e garantir resiliência em casos de falha. É o tipo de desafio que toca frontend, backend, developer experience e system design ao mesmo tempo - e é isso que o torna tão interessante.

6. Como é que a equipa de Lisboa colabora com os outros escritórios globais da Riskified no dia a dia?

A maior parte da nossa colaboração diária é com o escritório de Tel Aviv, já que ambos os hubs estão muito focados em engenharia neste momento. O hub de Lisboa também está a crescer, com pessoas a juntarem-se a equipas que já existiam em Tel Aviv, o que implica muita comunicação remota entre ambos os lados. Ao mesmo tempo, estamos a criar equipas totalmente novas em Lisboa, o que torna tudo ainda mais dinâmico.

7. Vindo de empresas locais em Portugal, qual foi a coisa mais surpreendente ou interessante sobre trabalhar numa empresa global como a Riskified?

Não diria surpreendente, mas sem dúvida o mais interessante são as pessoas. O alinhamento cultural é excelente, e isso mostra o cuidado que a Riskified teve na escolha do local certo para construir o seu segundo hub de R&D.

8. Agora, passados quase dois anos, qual é a parte mais gratificante de estar na Riskified?

Já lá vão mais de dois anos, e tem sido uma viagem incrível. A melhor parte é sentir-me realmente valorizado. O feedback é super direto e transparente, e toda a gente tenta melhorar continuamente - tanto a nível pessoal como para o sucesso da empresa.

9. Onde vês o hub de R&D de Lisboa daqui a alguns anos?

Honestamente, ao ritmo a que estamos a crescer, não me admirava se precisássemos de um escritório maior outra vez 😂. Mas falando a sério, vejo Lisboa a ficar completamente ao nível de Tel Aviv - não só em engenharia, mas também noutras áreas dentro da Riskified.

10. Que conselho darias a outro engenheiro em Portugal que está a considerar juntar-se a uma empresa tecnológica global como a Riskified?

Vai em frente. O produto, as pessoas e as condições são muito acima da média. Vais encontrar ótimos projetos, colegas incríveis e um equilíbrio entre vida pessoal e profissional muito saudável.

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