Categoria: Entrevistas

InnoWave: como é trabalhar numa empresa AI-first em Portugal

Gabriele Rachello, CTO da InnoWave, partilha como a consultora portuguesa está a liderar a inovação em IA, com projetos que transformam telco, energia e banca.

A InnoWave é uma consultora tecnológica portuguesa fundada em 2008, com 4 escritórios internacionais e mais de 450 pessoas. Trabalha sobretudo em sectores como as telecomunicações, energia e banca, e está a fazer uma aposta forte em inteligência artificial (IA) com uma meta de crescer as receitas em 77% até 2028.

Lançou recentemente o AstroLab, uma plataforma para testar e validar soluções de IA, e mantém uma academia própria para formar talento em Cloud, Data e IA.

Conversámos com Gabriele Rachello, Chief Technology Officer, sobre como é trabalhar numa empresa que coloca a inteligência artificial no coração da sua estratégia e sobre os próximos passos da InnoWave nesta jornada de inovação.

1. Gabriele, há quanto tempo estás na InnoWave e como é que o teu papel evoluiu desde então?

Sou o Chief Technology Officer da InnoWave e, desde que me juntei à empresa, a minha jornada tem sido uma verdadeira aventura de inovação. Entrei numa fase em que a IA era uma promessa e hoje é o nosso principal motor de transformação.

O meu papel evoluiu de liderar equipas técnicas para ser um catalisador de mudança, impulsionando a adoção de IA em todos os níveis da organização e junto dos nossos clientes. O mais gratificante é ver como a tecnologia que desenvolvemos está a mudar vidas e a criar oportunidades reais para todos.

2. Descreve-me um dia normal de trabalho na InnoWave. Como é o ambiente no escritório?

Na InnoWave não existem dias "normais". Cada dia é uma oportunidade para inovar. O ambiente é vibrante, colaborativo e multicultural, com mais de 450 InnoWavers espalhados por 4 escritórios internacionais. Temos uma cultura de portas abertas, onde ideias circulam livremente, e onde a curiosidade é incentivada. Seja presencialmente ou em modo híbrido, o espírito de equipa é contagiante: Há sempre alguém a testar um novo modelo de IA, a partilhar um insight ou a desafiar o status quo. E claro, celebramos cada conquista, pequena ou grande, com a mesma energia.

3. Toda a gente fala de IA, mas nem todos estão a fazer coisas que realmente funcionem. Lembras-te de um projeto em que trabalhaste onde a IA resolveu um problema que outras abordagens não conseguiriam?

Sem dúvida. Um dos projetos mais marcantes foi a implementação de um agente de IA para um grande operador de telecomunicações. O desafio era reduzir custos de suporte e melhorar a experiência do cliente. Com IA, conseguimos automatizar 60% dos pedidos de suporte, reduzir o tempo de resolução em 40% e aumentar a satisfação do cliente em 30%.

Este impacto seria impossível com abordagens tradicionais, sendo que só a IA permitiu escalar, personalizar e aprender com cada interação, tornando o serviço verdadeiramente inteligente e eficiente.

4. Já tiveste de dizer a um cliente que a solução de IA que ele queria não era boa ideia? Como é que abordaste essa conversa?

Sim, acreditamos que a transparência é fundamental e é um dos nossos principais valores na InnoWave. Houve situações em que clientes queriam aplicar IA em cenários onde os dados não eram suficientes ou o retorno não estava claro. Nestes momentos, explico sempre os riscos e proponho alternativas mais viáveis, muitas vezes começando com projetos piloto para validar o valor antes de escalar. O objetivo é ser um parceiro de confiança, não apenas um fornecedor de tecnologia.

5. Trabalham desde telco a banca. Há alguma aplicação de IA que te tenha surpreendido por ter tido um impacto muito maior do que esperavas?

Sim, um caso que me surpreendeu bastante foi a aplicação de IA para otimizar a gestão de ativos em parques solares. Desenvolvemos uma solução de monitorização inteligente que centraliza todos os dados dos equipamentos, deteta anomalias em tempo real e sugere intervenções antes que haja perda de eficiência. O resultado foi um aumento de 20% na produção de energia e uma redução de 25% nos custos operacionais.

O mais impressionante foi ver como a IA não só melhorou a performance técnica, mas também transformou a forma como as equipas trabalham, mais proativas e menos presas a tarefas repetitivas. Foi um verdadeiro salto de produtividade e sustentabilidade.

6. Que tecnologias e ferramentas de IA usam no dia a dia? Há algumas que consideres essenciais?

Trabalhamos com um ecossistema robusto: Desde frameworks open-source como TensorFlow e PyTorch, até plataformas cloud com recurso a IA generativa de parceiros como Microsoft Azure, AWS e Google Cloud. Usamos também ferramentas de automação inteligente, processamento de linguagem natural, e modelos generativos. O essencial, porém, é a capacidade de integrar estas tecnologias de forma ágil e segura, com uma camada de dados robusta e sempre com foco no impacto real para o negócio.

7. Qual foi o problema técnico que te custou mais a resolver? Aquele que te fez passar horas a bater a cabeça?

Um dos maiores desafios foi lidar com o ruído e a complexidade da monitorização aplicacional e de infraestrutura em grandes operações de telecomunicações. Estávamos a receber milhares de alertas diários, muitos deles irrelevantes, o que dificultava identificar rapidamente os incidentes críticos.

A solução veio com o desenvolvimento do nosso AI ThinkPanel. Esta plataforma usa inteligência artificial para filtrar automaticamente alertas, identificar padrões recorrentes e destacar apenas os incidentes que realmente importam.

Com o AI ThinkPanel, conseguimos reduzir falsos alertas e acelerar o tempo de resposta. Em vez de perdermos horas a tentar separar o sinal do ruído, agora temos uma visão clara e acionável do que realmente precisa de atenção.

8. A InnoWave tem uma academy para formar colaboradores em IA. Se pudesses adicionar uma disciplina ao currículo das universidades portuguesas, qual seria?

Adicionaria uma disciplina de "Ética e Impacto Social da IA". Acredito que, além da técnica, é fundamental formar profissionais conscientes do impacto das suas soluções na sociedade. Queremos que futuros talentos pensem não só em como construir IA, mas também em como usá-la para criar um mundo melhor.

9. Há algum projeto ou área em que estejam a trabalhar agora que te faça pensar "daqui a 2 anos isto vai ser grande"?

Sim. Estamos a investir fortemente em plataformas de IA generativa para automação de processos e criação de produtos digitais inteligentes através de agentes de IA. Acredito que, nos próximos dois anos, estas soluções vão transformar a forma como empresas inovam e lançam produtos ao mercado. O futuro é movido pela paixão de inovar.

Na InnoWave, acreditamos que inovar é mudar vidas. Somos uma empresa onde a tecnologia serve as pessoas, e onde cada desafio é uma oportunidade para criar impacto positivo.

Partilhar este artigo

Faz a review da tua empresa

Partilha como é o teu (ex) empregador. É anónimo e leva 3 minutos!