Kuehne+Nagel: Como o Porto se tornou num centro global de I&D da empresa
Cidade invicta tornou estratégica para esta gigante da logística. Conhece a estratégia de dados da Kuehne+Nagel que está a mudar a indústria a nível global.

No mundo complexo da logística global, a capacidade de tomar decisões rápidas e informadas é essencial. A Kuehne+Nagel, uma das principais líderes da indústria, abraça esta realidade com uma estratégia inovadora de dados construída numa plataforma de data mesh baseada na cloud — uma infraestrutura tecnológica flexível e escalável, que descentraliza a propriedade dos dados.
A partir do seu centro de desenvolvimento no Porto, a empresa não só otimiza as suas operações globais como também se posiciona como pioneira na adoção da arquitetura de data mesh no sector da logística. Data mesh significa que, em vez de um único repositório central de dados, cada área de negócio da Kuehne+Nagel torna-se responsável pelos seus próprios dados, tratando-os como um "data product" — informação pronta para utilização, tal como um dashboard de tracking de encomendas em tempo real.
A equipa da Kuehne+Nagel revela como transformar dados em insights acionáveis e construir um futuro mais ágil e eficiente para a logística.
#1. A Kuehne+Nagel é pioneira na adoção de data mesh no sector da logística. Quais foram os trade-offs considerados ao optar por esta arquitetura descentralizada em vez de abordagens mais tradicionais para a gestão de dados?
A arquitetura de data mesh é provavelmente a abordagem mais complexa para um dos problemas mais desafiantes no universo dos dados. Aborda desafios históricos de mais de 30 anos no mundo de analytics, como a falta de propriedade clara, baixa disponibilidade e fraca qualidade dos dados. No nosso caso específico, vai mais longe: permite a integração de sistemas em tempo real e fornece acesso universal aos dados da empresa com apenas alguns cliques.
Por outro lado, não é — de todo — a solução mais simples ou leve. A complexidade técnica das integrações, a forte interdependência entre data products e as negociações políticas necessárias tornam a implementação exigente.
Ainda assim, para uma organização da escala da Kuehne+Nagel, ao enfrentar os desafios operacionais e técnicos, os ganhos em escalabilidade, qualidade e integração são incomparáveis — nenhuma outra abordagem, framework ou cultura de dados proporcionaria este nível de benefício.
#2. O conceito de data mesh promove a descentralização da responsabilidade pelos dados. No contexto específico da Kuehne+Nagel, como é que esta abordagem se traduz em benefícios práticos para as diferentes áreas de negócio?
A descentralização elimina o bottleneck tradicional de uma única equipa central de analytics responsável por todas as soluções de extração e transformação de dados. Na prática, coloca a responsabilidade dos dados nas mãos daqueles que genuinamente os conhecem e dominam — os verdadeiros proprietários.
Este modelo capacita as equipas locais e permite o desenvolvimento de mais casos de uso sem depender de uma única equipa para controlar toda a cadeia de end-to-end. Isto permite a reutilização eficiente de dados, reduz os custos de armazenamento e acelera o time-to-market, o que entrega valor mais rapidamente às várias áreas de negócio.
#3. A equipa do Porto desempenha um papel crucial no desenvolvimento de data products. Quais estão a ser criados e como é que estes capacitam os vossos utilizadores em todo o mundo para tomar decisões mais informadas diariamente?
Vários tipos de data products estão a ser desenvolvidos no Porto. Desde data products focados na aquisição/produção de dados até data products focados na agregação e normalização de informação de diferentes source-aligned data products, e finalmente data products analíticos destinados a gerar informação orientada para relatórios, dashboards ou equipas de ciência de dados.
Um dos projetos em que estamos a trabalhar é a criação de um data product que fornece informação detalhada e em tempo quase real sobre todos os envios, oferecendo uma visão transversal em todas as unidades de negócio da Kuehne+Nagel: marítima, aérea e terrestre. Este data product tem um impacto significativo na empresa, pois centraliza informação de vários data products a montante, garantindo a propriedade sobre estes processos de normalização.
#4. A transição para uma arquitetura de data mesh representa um desafio significativo. Quais foram os principais obstáculos encontrados pela equipa do Porto e que estratégias foram implementadas para os superar com sucesso?
O conceito de data mesh ainda não alcançou presença no mercado ou estabilidade de implementação reconhecida noutras abordagens dentro do domínio dos dados. Desta forma, "a nossa interpretação" do que pretendemos alcançar com a arquitetura data mesh foi objeto de ampla discussão entre os participantes: workshops extensos, sessões de perguntas e respostas, e documentação focada em casos de uso são as estratégias em utilização.
#5. Como é que a Kuehne+Nagel está a atrair e reter talento especializado em engenharia de dados no Porto, e que oportunidades existem para profissionais que querem fazer parte desta revolução?
Relativamente à atração, o que distingue a nossa equipa são os projetos tecnicamente desafiantes, o ambiente dinâmico e inovador, e a verdadeira autonomia na tomada de decisões. As equipas no Porto têm verdadeiro ownership — desenvolvem soluções relevantes e impactantes com liberdade técnica e responsabilidade direta pelos resultados.
Para reter talento, investimos em salários e benefícios competitivos, formação contínua e contacto direto com tecnologias de ponta — desde a cloud até inteligência artificial e LLMs.
Atualmente, estamos a reforçar várias equipas ligadas à nossa plataforma: desde implementação de data products até automação e arquitetura na cloud. Todas as oportunidades estão disponíveis no nosso portal de carreiras para aqueles que querem juntar-se a nós nesta jornada.
#6. Olhando para o futuro, que tendências antecipa a Kuehne+Nagel no domínio da gestão de dados na logística, e como é que a empresa se está a preparar para se manter na vanguarda da inovação?
Um dos principais focos é a melhoria contínua da qualidade e disponibilidade dos dados. O mercado está cada vez mais orientado para analisar estes pontos de fricção, criando métricas objetivas e atuando sobre elas para garantir maior fiabilidade e qualidade nos dados operacionais.
Outro eixo crítico é a automação de end-to-end — tanto no desenvolvimento como nas operações — trazendo práticas já consolidadas no desenvolvimento de software, como metodologias ágeis, cultura DevSecOps, observabilidade e integração contínua, para o mundo de analytics.
Finalmente, prevemos uma adoção crescente de GenAI e LLMs, que transformarão a forma como analisamos, consultamos e compreendemos os dados. Estas tecnologias têm o potencial de reduzir drasticamente o esforço necessário para gerar valor analítico e democratizar o acesso à informação em toda a organização.
Todo o nosso projeto gira em torno da inovação. Avaliamos, adotamos e escalamos as melhores soluções tecnológicas para levar a empresa a um novo patamar digital.