Por dentro do novo centro de IA da Cegid: projetos, tecnologias e oportunidades
Fica a conhecer o Centro de Excelência em IA da Cegid em Portugal que inova na gestão empresarial nas áreas de finanças, RH e contabilidade.

A Cegid, líder europeu em soluções cloud de gestão empresarial, está a expandir a sua presença em Portugal, através do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (IA). Criado em 2024 e localizado em Braga e Lisboa, este centro representa um hub de inovação focado no desenvolvimento de soluções baseadas em IA generativa, onde estão reunidos os melhores especialistas da área para desenvolver tecnologia inovadora para as soluções de gestão da Cegid em todos os mercados.
Esta tecnologia, que aprende com dados existentes para criar novos conteúdos (texto, imagens, código, etc.), está a transformar a forma como as empresas gerem os seus negócios. As soluções da Cegid utilizam a IA para aumentar a eficiência de diversos processos de gestão, com o objetivo de apoiar as empresas a serem mais produtivas e a proteger os seus negócios.
Com este centro de desenvolvimento, a Cegid pretende posicionar o país como hub tecnológico de última geração, que transfere o conhecimento em IA para soluções de gestão inteligentes que irão elevar o potencial das empresas. As soluções de IA, made in Portugal, são exportadas para os vários países da Europa onde a Cegid opera, abrangendo áreas tão diversas como finanças, recursos humanos, contabilidade e retalho.
Isto significa que as soluções de gestão da Cegid, utilizadas por empresas em todo o mundo, beneficiarão da inovação desenvolvida em Portugal.
A Cegid é uma das primeiras signatárias do Pacto da União Europeia (UE) para a Inteligência Artificial (IA) e dos seus compromissos voluntários, o que reforça o nosso compromisso no desenvolvimento ético e responsável da IA.
Segue a nossa entrevista com Pedro vale, VP of Engineering da Cegid.
#1. Qual é a missão principal do Centro de IA e como é que este se diferencia de outros centros de investigação e desenvolvimento em IA, tanto a nível nacional como internacional?
A missão principal do Centro de IA é acrescentar valor ao portfolio de produtos da Cegid através da utilização de IA. A IA, enquanto amplificadora das capacidades humanas, tem um papel disruptivo e transformador na gestão das empresas e o Centro de IA pretende estar no núcleo da criação do software que sustenta esta transformação.
#2. Sabendo que o centro tem como objetivo atingir 150 especialistas em IA até ao final de 2025, e que já conta com quase 100 para além da IA Generativa, que outras áreas ou tecnologias de Inteligência Artificial são exploradas?
Exploramos várias áreas dentro do Machine Learning clássico, incluindo métodos estatísticos para previsão de séries temporais e métodos não supervisionados para deteção de anomalias. Temos também um grande foco no processamento inteligente de documentos, desde o OCR de imagens (de faturas ou despesas, por exemplo) até à classificação automática desses documentos nas rubricas corretas de contabilidade.
#3. Em que setores ou áreas de negócio se concentram as aplicações de IA desenvolvidas no centro? Há algum setor que seja prioritário ou onde a Cegid veja maior potencial de impacto?
Na Cegid, a nossa ambição é ajudar a libertar o máximo potencial das empresas e dos seus negócios em todas as áreas, desde a gestão financeira, faturação, contabilidade e recursos humanos, porque acreditamos que o impacto da IA será muito positivo em todas estas áreas.
Na área financeira, por exemplo, a IA permite uma gestão mais flexível, além de melhorar o desempenho financeiro, tornar as decisões mais seguras e os processos mais eficientes. Na área dosRH, observamos que a IA é capaz de elevar o potencial humano, permite simplificar processos e melhorar a experiência dos colaboradores. E finalmente, no setor da contabilidade, a IA é capaz de acelerar os processos contabilísticos, melhorar a produtividade e garantir conformidade, providenciando também informação em tempo real, o que permite aos contabilistas criar serviços de valor acrescentado para os seus clientes.
#4. Como é que o centro, que exporta soluções para os vários países onde a Cegid atua, está organizado internamente? Que metodologias são utilizadas para gerir projetos e promover a colaboração entre os membros da equipa e com outras áreas da Cegid?
Especificamente dentro da inteligência artificial temos duas áreas de atuação principais. A primeira onde destacamos equipas de especialistas em IA para trabalharem juntamente com as equipas que desenvolvem os nossos produtos, com o objetivo de identificarem casos de uso onde a IA possa trazer mais valias. Após essa identificação, os nossos especialistas desenvolvem a componente de IA necessária e trabalham com a equipa do produto para levarem a solução integrada até produção.
A área de atuação diz respeito ao desenvolvimento de módulos tecnológicos que aceleram o desenvolvimento de novos casos de uso da IA, como por exemplo, o desenvolvimento de uma plataforma que facilite a configuração de agentes conversacionais. Aqui, a base é a estrutura típica de uma software-house, com equipas multidisciplinares a trabalharem com base num roadmap e a seguirem metodologias ágeis, de forma a garantir a entrega do software.
#5. O centro colabora com universidades, centros de investigação ou outras empresas no desenvolvimento de projetos de IA? Que tipo de parcerias são consideradas estratégicas para o centro?
Sim. A colaboração com centros de ensino e investigação é essencial para nos mantermos a par das constantes evoluções tecnológicas nesta área. Posso destacar a nossa colaboração com o DTX Colab, com quem desenvolvemos diversos projetos de investigação, entre outras parcerias com diversas universidades, que se materializam em projetos de estágio para finalistas, bem como, em alguns projetos de investigação em conjunto.
#6. Sem entrar em detalhes excessivamente técnicos, que tipos de ferramentas, linguagens de programação e frameworks de IA são mais utilizados no dia-a-dia do centro?
As tecnologias mais utilizadas no Centro passam pelo python, que é abase de muitos desenvolvimentos em IA. Destaco também o Azure AI Studio e o Spark como ferramentas centrais. E, finalmente, na área da GenAi, a framework multi-agente AG2 e vários modelos fronteira (Open AI, Anthropic, Mistral).
#7. Quais são os principais valores e princípios que definem a cultura do Centro de IA, que tem planos para contratar mais 50 profissionais este ano? Como é que estes se traduzem no dia-a-dia da equipa (ex: autonomia, flexibilidade, aprendizagem contínua)?
Diria que os principais valores são a curiosidade, a autonomia e o sentido de propósito. A curiosidade como valência fulcral numa área que está em constante evolução e que necessita de uma atenção contínua.
A autonomia decorre da nossa utilização de métodos ágeis de desenvolvimento e da criação de equipas que têm o contexto necessário para a sua atuação e que decidem com autonomia a melhor forma de ultrapassar os desafios que lhes são apresentados.
Em relação ao sentido de propósito, é fundamental determinar o porquê de se explorar determinada tecnologia ou implementar determinada funcionalidade. Inovar sempre, mas com um propósito e com uma razão de negócio subjacente.
#8. Que tipo de perfil profissional (competências técnicas, experiência, soft skills) a Cegid procura para o Centro de IA? Que oportunidades de desenvolvimento de carreira e progressão existem dentro do centro, considerando que a Cegid tem mais de 5000 trabalhadores e 750 mil clientes em 130 países?
Para o nosso Centro de Excelência em IA, procuramos essencialmente profissionais na área de desenvolvimento backend (preferencialmente em ambientes cloud), Data Science e ML Engineering . Privilegiamos as pessoas com experiência profissional na área de IA. Caraterísticas como a curiosidade, a vontade de aprender e o espírito de equipa são bastante valorizadas pela Cegid, talvez ainda mais do que as competências técnicas.
Considero que o Centro de Excelência em IA da Cegid tem oportunidades de desenvolvimento e progressão de carreira bastante interessantes. Desde já, pela dimensão da empresa, que permite às nossas pessoas trabalhar em áreas de atividade diferentes e com uma escala interessante. Adicionalmente, a Cegid conta com uma aposta estratégica em IA e considera esta tecnologiacomo essencial para o seu futuro. E este tem um papel fundamental na execução desta estratégia, o que se traduz numa panóplia de novas oportunidades e possibilidades de progressão.
9# Olhando para o futuro, como é que a Cegid prevê a evolução da IA nos próximos anos e que papel terá este centro português nesse futuro?
Prevemos que a IA se torne um “assistente digital” fundamental para as pessoas conseguirem lidar com quantidade crescente de trabalho. Cada vez mais, a IA irá permitir aumentar as capacidades humanas de análise e libertar as pessoas de tarefas repetitivas e de pouco valor acrescentado.
O nosso Centro de Excelência em IA em Portugal irá contribuir, sem dúvida, para tornar esta visão numa realidade na área do software de gestão, apoiando as empresas a agilizar cada vez mais a gestão dos seus negócios.
10#. Que mensagem ou conselho dariam a quem pretende juntar-se ao centro ou a quem esteja a considerar explorar a área do IA?
Em primeiro lugar, não ter receio de explorar. Creio que nesta fase é fundamental interagir com a IA (na perspetiva do utilizador) e perceber como pode ser usada e para quê. Explorar um pouco as várias ferramentas disponíveis é importante, uma vez que nos dá uma boa ideia das possibilidades do presente.
Em segundo, desenvolver e fortalecer o espírito crítico. À medida que delegamos a execução de tarefas à IA, torna-se fundamental conseguir analisar e criticar os resultados dessa execução. Podemos delegar várias capacidades para a IA, mas as aptidões de criticar, entender a situação e, no fim, tomar uma decisão com base na informação apresentada, não podem ser delegadas e têm de ser exercitadas pelo utilizador.