Categoria: Entrevistas

A reinventar o turismo na cidade Invicta: Por dentro do novo Tech Hub da TUI

Descobre como a TUI está a transformar o turismo global a partir do Porto. Da IA aos micro-serviços, conhece melhor este novo tech hub de ponta!

No final de 2023, a TUI escolheu o Porto para criar o seu novo Digital Hub em Portugal. Uma decisão que promete trazer mais do que código e tecnologia à cidade - traz também a oportunidade de reimaginar a forma como viajamos.

No centro desta transformação está Ana Barral*, Technology Team Lead na TUI, que nos recebeu para uma conversa sobre o que significa construir tecnologia com propósito à escala global.

1# Ainda se lembra do seu primeiro dia na TUI? O que a fez pensar "é aqui que quero construir algo diferente"? Conte-nos sobre esse momento.

Antes de me juntar à TUI, já colaborava com a empresa através de um modelo semelhante ao outsourcing. Quando me tornei funcionária da TUI em outubro de 2023, senti um imenso orgulho em fazer parte de uma empresa tão importante, com uma rica história e que, mesmo perante vários desafios, como a COVID, conseguiu perseverar e prosperar.

Desde o primeiro dia, fui calorosamente acolhida pelos meus colegas de equipa, e rapidamente percebi que a TUI oferece um ambiente com genuíno espaço para crescimento, tanto pessoal como profissional. A variedade de opções de carreira é impressionante, e a empresa cria verdadeiras oportunidades internas para explorar áreas para além do desenvolvimento de software tradicional, como o desenvolvimento de aplicações móveis, IA, análise de dados, etc.

2# Quando fala com a sua equipa sobre cultura técnica, que valores são inegociáveis? Como é que isto se reflete no vosso dia a dia, desde as revisões de código até à forma como abordam novos desafios técnicos?

Para mim, a transparência é um valor inegociável. É essencial que sejamos completamente honestos sobre aquilo que somos capazes de fazer, bem como sobre os nossos limites. Cumprir os compromissos que assumimos é essencial para manter a confiança e a colaboração dentro da equipa, algo que também está alinhado com os princípios do SCRUM, a metodologia utilizada por várias equipas da TUI.

Além disso, a qualidade é um pilar central. Nas revisões de código, esforçamo-nos por ser construtivamente críticos, garantindo que cada interação é uma oportunidade para elevar o nível técnico e criar o melhor resultado possível. No dia a dia, isto reflete-se na forma como enfrentamos novos desafios: com abertura, responsabilidade e um compromisso constante com a excelência técnica.

3# Os melhores programadores procuram projetos que os desafiem tecnicamente. Pode partilhar que tipo de problemas estão a resolver no Hub e qual é a vossa stack tecnológica?

Na TUI Technology em Portugal, enfrentamos desafios técnicos que exigem inovação, escalabilidade e alto desempenho. Trabalhamos na integração e processamento de grandes volumes de dados de múltiplas fontes, garantindo uma experiência consistente e eficiente para os clientes TUI em todas as plataformas.

Além disso, lidamos com questões complexas relacionadas com personalização em tempo real, arquitetura orientada a eventos e alta disponibilidade, já que qualquer interrupção no sistema pode impactar diretamente as operações globais da TUI.

Estamos também a adotar soluções baseadas em inteligência artificial (IA) para otimizar as nossas operações diárias e melhorar a tomada de decisões. A IA tem sido fundamental na automatização de processos repetitivos, análise preditiva e personalização da experiência do cliente, permitindo-nos entregar soluções mais inteligentes e ágeis.

Estamos a construir uma stack tecnológica moderna e versátil. Para isso, utilizamos linguagens como Java, Kotlin, Node.js, React, Angular, Coroutines, Android SDK, RxJava e SwiftUI, por exemplo, e utilizamos AWS para a nossa infraestrutura na cloud. A automatização e a qualidade do código são suportadas por ferramentas como Cypress para testes e Jenkins para CI/CD. O foco nas melhores práticas, como arquitetura baseada em microserviços e infraestrutura como código (IaC), é uma prioridade para nós.

Este conjunto de desafios e ferramentas não só nos permite crescer como profissionais, mas também garantir que estamos a entregar soluções de ponta para a TUI e seus clientes.

4# Quando pensamos no impacto do vosso trabalho, estamos a falar de código que toca a vida de milhões de pessoas todos os dias. Consegue lembrar-se de algum momento específico em que esta responsabilidade se tornou particularmente real para si?

Sim, há várias situações que nos fazem perceber a grande responsabilidade do nosso trabalho para com os nossos clientes. E sempre que nos referimos a clientes aqui, estamos a falar de todas as pessoas que compram um produto TUI, seja uma reserva de hotel, um voo, uma experiência ou um cruzeiro, etc.

Um exemplo recente foi a falha informática da CrowdStrike, que teve um impacto significativo nas nossas operações. Tivemos de reagir rapidamente para minimizar qualquer efeito negativo nos clientes.

Estes eventos imprevistos exigem decisões rápidas, que só são possíveis graças ao conhecimento do produto e à coordenação das várias equipas.

O trabalho diário melhora a experiência do cliente e garante operações sem falhas em situações críticas, reforçando a confiança na TUI. Cada decisão técnica, cada linha de código é crucial, por isso temos equipas dedicadas, prontas para enfrentar desafios e minimizar o impacto nos clientes.

5# O mundo da tecnologia nunca pára. Como cultivam um ambiente de aprendizagem contínua na vossa equipa? Que práticas de formação adotaram que realmente fazem a diferença?

Nas nossas equipas, acreditamos que a aprendizagem é contínua e que o desenvolvimento constante é essencial para manter a nossa relevância e capacidade de inovar.

Incentivamos a partilha de conhecimento dentro das equipas, temos sessões de "lunch & learn" onde qualquer membro de uma das equipas pode apresentar sobre uma nova tecnologia ou técnica que tenha explorado. Isto não só permite que todos aprendam de forma colaborativa, mas também ajuda a fomentar uma cultura de confiança e abertura, onde todos se sentem confortáveis em partilhar as suas descobertas.

Também fazemos uso de cursos online (os membros da equipa técnica têm acesso gratuito a uma licença Udemy), workshops e conferências. Oferecemos a cada membro da equipa a possibilidade de participar em eventos ou fazer cursos que ajudem a expandir as suas competências técnicas, mas também as suas competências em áreas como liderança e gestão de projetos.

Dependendo das equipas, algumas adotam pair programming e code reviews frequentes. Isto não só melhora a qualidade do código e a eficiência da equipa, mas também funciona como uma excelente oportunidade de aprendizagem, pois todos têm a oportunidade de interagir com diferentes partes do código e aprender com as abordagens uns dos outros.

Por último, mas não menos importante, promovemos um ambiente de feedback constante. Seja através de avaliações de desempenho, mas também em interações mais informais, incentivamos a reflexão sobre os desafios e sucessos individuais, o que ajuda todos a aprender com as experiências e a melhorar continuamente.

6# A transição para Technology Team Lead traz sempre aprendizagens únicas. Que momento ou decisão a fez crescer mais neste papel? Como é que essa experiência mudou a forma como lidera?

A minha transição para Lead já aconteceu antes de trabalhar com a TUI. Na TUI em particular, um dos desafios que me fez crescer mais aconteceu quando deixei de liderar uma equipa e passei a liderar duas equipas com objetivos comuns, a trabalhar na mesma área (a área de aluguer de automóveis) onde não existiam canais de comunicação estabelecidos ao nível dos programadores. A equipa mais recente foi recrutada com o meu envolvimento.

Para substituir uma equipa externa, tive de considerar vários aspetos, como alterações à infraestrutura, criação de canais de comunicação e padronização de métodos de trabalho, além de quebrar a barreira linguística entre português e alemão. Inicialmente, concentrei-me nos aspetos técnicos, mas depois de ouvir as preocupações das equipas, percebi que a chave para o sucesso não estava apenas na parte técnica, mas também no bem-estar e na gestão da carga de trabalho.

Ser líder não é simplesmente focar-se em resultados e tarefas; é necessário equilibrar as necessidades das equipas e das pessoas, garantir que se sentem ouvidas, apoiadas e motivadas.

7# O Hub do Porto representa uma nova era para a TUI em Portugal. Para quem está a considerar juntar-se, que aspetos da vossa cultura os poderão surpreender positivamente? O que a surpreendeu que gostaria que outros soubessem?

O que mais me surpreendeu ao juntar-me à TUI foi a cultura de colaboração genuína e a forma como todos, desde os líderes até aos novos membros da equipa, estão verdadeiramente empenhados em ajudar-se mutuamente a crescer. A TUI está fortemente comprometida com o desenvolvimento contínuo e a partilha de conhecimento, o que cria um ambiente onde todos podem aprender, seja através de mentoria, workshops ou partilha de experiências.

Outro aspecto que me surpreendeu positivamente foi o equilíbrio entre inovação e preocupação com o bem-estar da equipa. Embora estejamos constantemente a trabalhar em projetos desafiantes e inovadores, a TUI tem uma mentalidade muito saudável em relação à flexibilidade e gestão do tempo, o que permite um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Temos uma grande flexibilidade para trabalhar remotamente, o que reflete uma enorme confiança nas equipas. A flexibilidade para trabalhar a partir de qualquer lugar, mantendo a produtividade e o foco, faz toda a diferença.

Apesar da sua dimensão e história, a TUI preserva uma cultura de proximidade e dinamismo, sempre aberta à inovação e agilidade, sem esquecer o cuidado com as pessoas - algo que, para mim, define a nossa cultura.

8# Última pergunta, olhando para o futuro: que marca gostaria de deixar no ecossistema tecnológico em Portugal através do Hub da TUI? Que mudanças gostaria de ver acontecer no mercado?

A minha visão para o futuro é que o TUI Tech Hub se torne um dínamo de inovação e colaboração no ecossistema tecnológico em Portugal. Gostaria de ver o Hub tornar-se um exemplo de como grandes empresas podem ser ágeis, inovadoras e centradas nas pessoas, criando um ambiente onde as equipas não só desenvolvem soluções de alta qualidade, mas também partilham conhecimento, aprendem continuamente e contribuem para o crescimento da comunidade tecnológica local.

A marca que gostaria de deixar é a de um lugar onde se promove uma verdadeira cultura de diversidade e inclusão, onde cada voz é ouvida e respeitada. Um Hub que inspire outras empresas a valorizar o bem-estar e o crescimento das suas equipas, mantendo-se na vanguarda da tecnologia.

Acredito que o ecossistema Tech em Portugal tem potencial para crescer através de uma maior colaboração entre empresas, universidades e startups. Seria ótimo ver mais iniciativas que unam estes pilares, promovendo a inovação e criando um espaço onde as ideias possam ser rapidamente testadas e implementadas, gerando impacto real na sociedade e no mercado global.

No final, espero que o TUI Tech Hub seja lembrado como um lugar que não só acelerou a inovação, mas também inspirou uma nova forma de trabalhar em tecnologia - colaborativa, inclusiva e focada no bem-estar das pessoas.

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* Ana Barral lidera duas das equipas técnicas no Digital Hub da TUI no Porto, onde trabalha diariamente em soluções que transformam a experiência de milhões de turistas. Este é um testemunho de como uma forte cultura técnica pode criar impacto à escala global.

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